sábado, 5 de janeiro de 2013

Los Angeles...

Quem manda nessa cidade agora?


A cidade dos anjos, L.A., a única cidade (agora, além de Nova York) a ter 2 times na NBA, anda fervilhando. Seus times estão ganhando muito destaque na mídia (como se o Lakers precisasse de mais mídia), mas por razões opostas.


Começando pelo lado mais badalado da cidade: os Los Angeles Lakers. Depois das contratações na off-season, especialmente Dwight Howard e Steve Nash, falou-se muito em super-time, "Fantastic Four", e coisas do gênero. Uma pre-season de 0-8 trouxe um pouco as coisas à realidade, e um início de temporada de 1-4 custou o emprego do técnico Mike Brown. Precipitadamente, na minha opinião.


Um baita elenco, só falta virar um time


Muito se falou da franquia trazer de volta da aposentadoria o Phil Jackson, dono de 11 anéis de campeão como técnico, sendo 5 com os Lakers. Depois de muito vai e vem, a direção acabou desistindo do negócio. Agora, sob o comando de Mike D'Antoni, a equipe está 15-17, ocupando a 11a posição no Oeste. Ontem, perdeu a 2a partida para os Clippers nessa temporada, tendo sido dominado durante o jogo inteiro. Campanha muuuuuito abaixo do que era esperado para esse time. Agora, a pergunta que não quer calar: qual a razão pra um desempenho tão fraco para uma equipe cheia de estrelas?


Mas, antes disso, vamos ver como estão as coisas com os Los Angeles Clippers. Até aqui, céu de brigadeiro. A equipe está com campanha de 26-8, sendo a 2a melhor campanha da liga. Uma incrível sequência de 17 vitórias consecutivas recentemente enaltece ainda mais a temporada da equipe até agora.


Esse trio é responsável por mais "decolagens" que o aeroporto LAX


As chegadas de Matt Barnes, e principalmente de Jamal Crawford foram ótimas para a equipe, que está mais entrosada, mais experiente do que ano passado. Não está sentindo as ausências dos transferidos ou machucados (Billups e Hill).


Voltando pro lado dos Lakers: com o retorno de Steve Nash, era esperado que a equipe evoluísse. Até o momento, a campanha é de 3-3 depois da volta do armador canadense.

Na verdade, o técnico Mike D'Antoni ainda está fazendo experiências na equipe, vendo o que pode dar certo. Tanta coisa já foi tentada que é até difícil listar: já apostou no Antawn Jamison, que até se saiu bem, mas foi abandonado de vez pelo técnico (jogou 3 minutos no clássico de ontem). Tem apostado muito no Jodie Meeks, que não tem mostrado resultado. Experimentou deixar o Metta World Peace no banco; ele vinha jogando muito bem, tanto na defesa quanto no ataque, e a idéia era fortalecer a segunda unidade. Sua média de rebotes, roubos e pontos nessa temporada são os melhores desde os tempos de Houston Rockets, 4 anos atrás. Agora, voltou à equipe titular, o plano já mudou de novo.

Jordan Hill também está jogando bem, e tem ganho mais minutos: com isso, vem tendo a sua melhor temporada da vida em termos de rebotes, e a melhor em pontos e roubos nos últimos 3 anos. Além de energizar o time com sua energia e vibração, vindo do banco. Deveria ganhar mais minutos.

As experiências não param: Mike D'Antoni ainda não achou a melhor forma da equipe jogar, a melhor rotação, nada. Mas o principal problema, em minha opinião, é a forma como ele aproveita, ou melhor, não aproveita o Pau Gasol.

Um dos melhores jogadores de garrafão da liga está completamente abandonado, perdido em quadra. Não há nenhum tipo de jogada com ele. O que mais tem feito é arremessar de 3, coisa que raramente fazia antigamente. No jogo de ontem, por exemplo, ele tentou apenas 6 arremessos, sendo 2 de 3. Terminou o jogo com 2 pontos e 4 rebotes. Números ridículos para quem estava acostumado a ter médias de 18 pontos e 10 rebotes nos últimos 5 anos. E se olharmos a Olimpíada espetacular que Gasol fez em julho, fica ainda mais claro como ele está largado e sem função na equipe.


Campanha "Salvem Pau Gasol"


Além de não saber o que fazer com Pau Gasol, outro velho problema de D'Antoni está bem evidente: a defesa. O garrafão dos Lakers está sempre aberto, é um convite para quem quiser entrar. Qualquer time rápido, como os Clippers, por exemplo, penetra como quer em sua defesa.

Kobe Bryant, o astro do time, vem apresentando seus melhores números desde a temporada 2007-2008. Ele é o cestinha da liga, com 30.5 pontos por jogo, além de estar tendo a melhor temporada da carreira em aproveitamento de field goal (.483). Sua média de roubos, aproveitamento de 3 e de lances livres também são os melhores dos últimos 5 anos de sua carreira.

O problema é que, com toda essa bagunça, o time acaba ainda caindo no velho problema da Kobe-dependência. A sorte é que, como vimos, a média de aproveitamento dele está alta, mas ainda assim, não dá pra um time depender só de uma pessoa, ainda mais um time com o elenco dos Lakers. Além disso, é complicado pra alguém com 34 anos, em sua 17a temporada, ficar jogando 39 minutos por jogo. Ontem foram 44.

Todos sabem que Mike D'Antoni gosta de jogar small-ball; é assim que teve sucesso (relativo) em suas equipes, e assim que treinava o ataque americano nas olimpíadas, junto com o Coach K. Mas será que não consegue se adaptar, tendo Gasol e Howard nas mãos, para um melhor aproveitamento dos dois, especialmente do espanhol? E quanto tempo precisará pra isso?


Voltando aos Clippers: essa equipe tem tudo pra se tornar o melhor Clippers de todos os tempos. A franquia nunca chegou numa final de conferência, apenas em semifinais, por 5 ocasiões. Em duas dessas ocasiões, esteve bem perto de ir pra final, perdendo no jogo 7. Foram elas, em 1974-1975 (quando ainda eram Buffalo Braves, e perderam 4-3 para os Washington Bullets), e em 2005-2006, quando perderam 4-3 para o Phoenix Suns, de Steve Nash.

Será que essa equipe consegue quebrar a marca, e atingir uma final de conferência? O Oeste, como virou hábito nas últimos anos (décadas?), está mais forte que o leste. Você pode encontrar pelo menos 6 equipes fortes, no oeste, sendo 4 muito boas. Já no leste, temos, na melhor das hipóteses, 4 times jogando bem, com destaque para 2 (Knicks e Heat, claro).

Mantendo o aproveitamento atual, quando já ultrapassamos 40% da temporada, podemos imaginar os Clippers lutando contra Spurs e Thunder pelo posto de melhor campanha da conferência. Se conseguir mostrar calma e maturidade nos momentos cruciais, podemos vislumbrar a equipe numa final de conferência. É difícil, mas possível.


Melhor armador da NBA? É bem possível.


Chris Paul vem jogando muito bem, mantendo o ótimo nível dos últimos... vários anos, e agora melhorando ainda mais na defesa. Sua marcação melhorou, e ele lidera a liga em roubos. No clássico de ontem, foi mais um show do armador: 30 pontos (os últimos 8 pontos da equipe foram dele; ele fez 11 no último quarto), 13 assistências, 6 rebotes e 2 roubos de bola. É um dos 4 candidatos a substituir o Jacob na ilha, oops, quero dizer, um dos 4 candidatos ao prêmio de MVP da temporada (junto com Lebron James, Kevin Durant e Carmelo Anthony).

Blake Griffin também evoluiu, que melhorou nos lance-livres, e também na defesa. A equipe toda parece estar mais focada. Na vitória de ontem a equipe ainda esteve sem Jamal Crawford, um forte candidato ao prêmio de Melhor Sexto Homem. Mas teve Lamar Odom, começando a recuperar sua forma, tendo um jogo razoável.

Será que conseguirão fazer o que Randy Smith, Jack Marin, Jim McMillian, Gar Heard e Bob McAdoo chegaram perto, mas não conseguiram em 1975? Ou o que Sam Cassel, Cutino Mobley, Quinton Ross, Elton Brand e Chris Kaman quase conseguiram em 2006? Levar a franquia a uma final de conferência?


Em resumo: os times estão em situação totalmente oposta. Enquanto a tarefa dos Clippers é seguir evoluindo pra manter a excelente campanha, e tentar fazer história, a dos Lakers é organizar a casa. Há quem pense que essa organização passa pela troca da comissão técnica. É uma possibilidade. Enquanto isso, o time continua tentando buscar uma forma de jogo qualquer, a mais básica possível, que possa trazer mais vitórias pra equipe, e que não seja simplesmente "bola no Kobe".


Curiosidades:

  • Esse início (15-17) é o pior dos Lakers desde a temporada 2002-2003, quando a equipe começou 13-19. Naquele ano, a equipe chegou a final da conferência oeste, perdendo pros futuros campeões Spurs por 4-2.
  • Por sua vez, o início de 26-8 é o melhor da história dos Clippers. A melhor campanha em temporada regular foi 49-33, pelo time de 1974-1975 mencionado acima. O time atual deve ultrapassar essa marca.
  • A última vez que os Lakers não chegaram aos playoffs foi na temporada 2004-2005. Aquela equipe era formada por Chucky Atkins, Kobe Bryant, Caron Butler (agora nos Clippers), Lamar Odom (também nos Clippers) e Chris Mihm.
  • A sequência de 17 vitórias que a equipe dos Clippers teve entre 28 de novembro e 01 de janeiro foi a 11a mais longa da história. Dos 10 times que tiveram sequências de vitória maiores que isso, 7 acabaram se sagrando campeões.
  • Os Boston Celtics também tem campanha de 15-17 até aqui, sendo 8o no Leste. A última vez que tanto Lakers quanto Celtics ficaram de fora dos playoffs foi na temporada 93-94.
  • Para se ter uma idéia da diferença das campanhas, os Lakers poderiam ganhar 9 partidas seguidas, e os Clippers perderem 9 seguidas, e ainda assim a equipe de Chris Paul estaria na frente.


Fiquem com os melhores momentos do jogaço de ontem, a chamada "Batalha de Los Angeles".


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